O vídeo “A Gregos e a Troianos” foi pensado e construído enquanto desdobramento de uma obra escultórica interativa e performativa, igualmente de minha autoria. Construída a partir de uma persiana velha recuperada do lixo, esta obra gira em torno de uma janela posicionada entre o público e o mundo. O público é convidado a interagir com a obra num jogo de muitas possibilidades tais como diversidade, diferença, tolerância, reflecção, entre outras, criando múltiplas possibilidades de paisagem....
No vídeo, a persiana inicialmente em forma de retângulo, forma eficaz para tapar a vista de uma janela na sua totalidade, apresenta-se repleta de buracos resultantes de possíveis apedrejamentos. Uma figura entra em cena, e recorrendo ao deslizamento das lâminas da persiana, para a esquerda e para a direita sem descartar o centro, altera os contornos do objeto. O que antes era uma figura geométrica rígida e demasiado convencional (o retângulo), dá lugar a um contorno orgânico, multilateral, digno de uma assembleia e é desvendada uma outra organização, transformando a persiana numa nova paisagem onde os buracos que eram apenas ruído inscrevem agora a palavra Democracia.
Uma vez que a palavra se apresenta perfeitamente representada a narrativa toma o sentido inverso. Novamente as lâminas são movidas, para outra vez serem reorganizadas em função do contorno do objeto. No centro a palavra Democracia é sacrificada a fim de novamente se atingir o contorno limpo de um retângulo, mesmo que repleto de buracos sem sentido.
O vídeo é mudo, não tem som e deverá ser apresentado em loop criando assim uma narrativa cíclica pretendida.